William Dias / ALMG

Deputado Lucas Lasmar constata fechamento de leitos e precarização no Hospital Júlia Kubitschek durante visita técnica

O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) realizou, nesta segunda-feira (5/5), uma visita técnica ao Hospital Júlia Kubitschek (HJK), no Barreiro, em Belo Horizonte, para apurar denúncias de servidores da saúde sobre fechamento de leitos, falta de insumos, sobrecarga de profissionais e riscos à assistência prestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A agenda foi acompanhada por Neusa Freitas, dirigente do Sind-Saúde.

Durante a visita, foi verificado que 12 dos 40 leitos do CTI estão fechados por falta de pessoal. O bloco cirúrgico, que conta com sete salas, tem apenas três em funcionamento, também por déficit de profissionais. Duas alas hospitalares, “F” e “H”, com capacidade para 80 leitos seguem com obras inacabadas desde 2010 e hoje funcionam como depósito de materiais inservíveis. Já duas alas com 16 leitos de pós-operatório estão totalmente desativadas.

A maternidade enfrenta graves problemas de infraestrutura e pessoal. Das quatro salas obstétricas, apenas uma possui ar-condicionado funcional; uma das salas está com o aparelho quebrado há dois anos. No setor, apenas 7 dos 9 técnicos de enfermagem necessários estão em atividade. Já no CTI Neonatal, a proporção de atendimento chega a um profissional para cada cinco bebês – quando o ideal seria um para dois. Profissionais relataram que, até recentemente, as horas extras estavam suspensas, o que agravou ainda mais a sobrecarga.

Também foi confirmada a falta de insumos básicos em setores essenciais como CTI e bloco cirúrgico. Segundo os profissionais, materiais como esparadrapo, micropore e até roupa de cama estão em falta, obrigando pacientes a levarem itens de casa. Parte dos médicos atua como pessoa jurídica (PJ), sem vínculo formal com o hospital, e diversos concursados ainda não assumiram os cargos.

A Unidade de Decisão Clínica (UDC) opera com superlotação. Cerca de 30 pacientes estavam internados em macas nos corredores no momento da visita, aguardando liberação de leitos. Há também problemas de acessibilidade e conforto: a ala de pneumologia não comporta cadeirantes ou macas, e a entrada do pronto atendimento não é coberta, prejudicando o acesso em dias de chuva.

Profissionais denunciaram, ainda, más condições de trabalho, incluindo assédio moral, falta de diálogo com chefias, ausência de vestiários adequados e problemas com o ponto eletrônico. A informatização dos prontuários segue pendente e a administração confirmou que a previsão de conclusão é apenas em outubro.

Segundo o deputado Lucas Lasmar, o objetivo da visita foi fiscalizar, ouvir os trabalhadores e cobrar soluções do governo estadual. “Estamos diante de um processo claro de precarização. A população está sem atendimento digno, os profissionais estão adoecendo, e o governo de Minas tenta empurrar a privatização da FHEMIG, por meio do projeto GEHOSP, que dispensa concurso público e licitação. É inaceitável. Vamos cobrar providências imediatas”, afirmou.